quarta-feira, 15 de junho de 2016

Seu professor falou que a crise de 1929 foi por culpa do liberalismo? Então, é mentira!



Ouve-se corriqueiramente na grade de ensino do padrão MEC a respeito da história da grande depressão americana e do crash de 1929. nos EUA. A versão mais comum publicada em todos os livros didáticos e propagada pela grande maioria dos professores é que a crise evidenciou o declínio do liberalismo, e que o estado é necessário tendo uma participação ativa e extremamente regulatória com uma finalidade única de evitar tais falhas e corrigi-las sempre que necessário, assim como também a responsabilidade de estimular determinados segmentos econômicos tanto produtivos quanto de consumo imediato.

Obviamente a crise se deu por uma série de estímulos e intervenções de um estado intervencionista e hiperativo no mercado. O que havia antes de 1929 não era um livre mercado completamente pleno, cujo o qual deva se atribuir a responsabilidade pelas mazelas da grande depressão, mas sim um mercado relativamente livre com diversas lacunas ocupadas por uma série de intervenções estatais, políticas bancárias e econômicas de expansão do crédito, da base da oferta monetária, como também uma série deliberada de medidas bancárias e serviços que contavam com o sistema de reservas fracionárias. Uma quebra na bolsa per se não é capaz jamais de gerar uma crise ou uma grande depressão, em 1987 a bolsa americana chegou a cair em até 15% e não levou a nenhuma crise ou depressão.

As quebras bancárias, por sua vez, ocorreram exatamente pela retração da expansão da oferta monetária e, em virtude da prática das reservas fracionárias dos bancos comerciais, começaram a restringir o crédito e começar a cobrar devidas quitações de empréstimos pendentes. Os indivíduos que estavam com dívidas pendentes imediatamente começaram a sacar deliberadamente seus recursos financeiros dos bancos, o que por consequência, devido ao sistema vigente de reservas fracionárias, ocorreu uma série de falências bancárias.
O crash da bolsa de NY em outubro de 1929 não resultou do nada e por uma falha de mercado, mas sim por uma série de políticas econômicas irresponsáveis oriundas de distorções do estado intervencionista. Houve durante a década de 1920 uma série de políticas de expansão de crédito pelo FED visando a correção do sistema bancário de reservas fracionárias. Como toda e qualquer expansão, gerou um BOOM deliberado e generalizado no mercado de ações, levando a uma ostensiva euforia especulativa, e quando finalmente a expansão do crédito foi contida em virtude das grandes pressões inflacionárias, o mercado americano passou pelo estágio de correção, onde todos os investimentos errôneos e de origem de distorções do estado intervencionista caíram por terra, reestruturando todos os bens de capital com direcionamentos corretos de investimentos.
No lugar do governo permitir que o mercado atuasse em correção natural e espontânea com adequação à nova realidade monetária sem a expansão, o estado mais uma interviu no mercado com uma série de controles de preços, controle de salários, aumento das taxas de importação, impostos e gastos, perpetuando uma depressão econômica por longos e quase intermináveis 15 anos.
Além de todos os acontecimentos ignorados pela maioria dos professores de história, também houve em 1920 uma profunda crise o qual foi evitada pela isenção da participação do estado como corretor do problema e, por mais incrível que pareça e pelo espanto dos professores do MEC, o mercado conseguiu livremente corrigir o problema e adiar a crise financeira até o ano de 1929 que, mesmo após a auto-regulação do mercado vigente, passou novamente a adotar políticas intervencionistas culminando assim na crise futura. Thomas Woods a seguir, em artigo , explica detalhadamente a situação americana em 1920:
“A situação econômica nos EUA em 1920 era sinistra.  Naquele ano o desemprego havia pulado de 4% para quase 12%, o PNB havia declinado 17%.  Não é de se estranhar, portanto, que o então Secretário de Comércio [equivalente ao nosso Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior] Herbert Hoover – até hoje falsamente descrito como um entusiasta do laissez-faire – tenha instado veementemente o então presidente Warren G. Harding a fazer uma série de intervenções para reativar a economia.  Mas Hoover foi ignorado.
Ao invés de um “estímulo fiscal”, Harding reduziu o orçamento do governo praticamente à metade entre 1920 e 1922: os gastos federais declinaram de $6,3 bilhões em 1920 para $5 bilhões em 1921 e $3,3 bilhões em 1922.  E o restante da abordagem de Harding foi igualmente laissez-faire: o imposto de renda foi diminuído para todos os grupos de renda e a dívida nacional foi reduzida em 33%.
A atividade do Federal Reserve, o banco central americano, foi praticamente imperceptível.  Como um historiador econômico escreveu, “Apesar da severidade da contração econômica, o Fed não utilizou seus poderes para aumentar a oferta monetária e combater a recessão”.[2]  No terceiro trimestre de 1921, os sinais da recuperação já eram visíveis.  No ano seguinte, o desemprego caiu para 6,7%, e em 1923 já estava em 2,4%”.
Não é algo conveniente ao discurso academicista e ao mainstream citar tal caso da crise de 1920, uma vez que seria a refutação cabal do discurso marxista de que o mercado desregulado e desenfreado é o responsável completo pelas crises econômicas ao redor do mundo, quando na verdade, tudo acontece em virtude de uma série de intervenções estatais e políticas monetárias irrestritas, com extrema regulação do mercado financeiro e uma série de distorções oriundas de uma expansão do crédito e da oferta monetária, juntamente com a falsa sinalização de mercado que tais políticas trazem, fazendo investidores se enganarem e alocarem capital e investimentos de forma errônea que, após a contração de todas as políticas, se mostrará visível tal erro, implicando assim, em uma série de falências bancárias e empresariais.



Como é de costume por todo o período de crise, o estado também garante a ousadia dos empresários em investimentos irresponsáveis garantindo-os pacotes emergenciais, socializando todos os prejuízos caso venham à falência, responsabilizando todos os pagadores de impostos por essa orgia deliberada entre burocratas e empresários que não se garantem em um mercado desimpedido e genuíno. Sempre que o estado garante seguridade jurídica e econômica, isso desestimula toda e qualquer ação racional por parte do investidor a premeditar prudentemente seus investimentos. Acaba-se que muitos empresários tornam-se mimados pelo estado desacostumando todo o arranjo, gerando uma série de pressões políticas justificando cada vez mais a dependência dos indivíduos ao aparato estatal.
Muitos esquerdistas pensam que o calcanhar de aquiles do liberalismo é exatamente a situação de que sempre quando há uma crise, todos os empresários recorrem ao estado como garantidor do controle da situação e como o foco de resolução de todos os problemas. Isso ocorre exatamente pela garantia anterior dos pacotes emergenciais e também pela devida cobrança do empresariado ao combinado pelo estado, evitando que todos venham à falência. Todo liberal defende que o empresário irresponsável deva arcar com seus prejuízos, tendo em vista que todo agente econômico que tem seus objetivos frustrados tem como punição natural do mercado o prejuízo, estimulando uma readaptação de mercado para os mais aptos à atuação competitiva.
Devido à experiência de 1920-1921 e todos os fatores históricos ocorridos durante a década de 1920, todo e qualquer esquerdista tem suas pernas quebradas ao conferir os fatos retirando o dogma marxista de que o livre-mercado é o demônio e o causador de todas as mazelas econômicas. Todo conservador ou libertário deve recorrer ao profundo estudo de todas as políticas fiscais e monetárias ocorridas em uma determinada época com uma finalidade investigativa e todos poderão comprovar que, ao longo da história, jamais houve um caso onde a crise econômica aconteceu por causa o livre-mercado, mas sim por causa de um grande estado interventor e hiperativo.

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